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Foto do escritorNTC ConsultAgro

A vaca vota

por Neivaldo Tunes Caceres

Foto: Scot Consultoria


Em tempos em que se discutem calorosamente as convenções e candidaturas para as próximas eleições por todo país em nível municipal, o tema deste artigo não tem a pretensão de entrar na discussão política, embora o título enseje essa provocação.


Trarei aqui os resultados de um interessante estudo conduzido em 2009 em Albany, Estado de Montana nos EUA, que retrata de forma cabal a opção que os bovinos exercem na escolha do pasto onde querem se alimentar, baseado exclusivamente na condição de infestação por plantas daninhas que as áreas apresentem.


O estudo

O estudo conduzido pelo pesquisador Kevin Bradley, especialista em plantas daninhas e professor associado da Universidade de Missouri, começa com a definição de uma área de pastejo extensiva, onde os animais se movimentavam livremente, infestada de forma homogênea no início da primavera, como se conhece das condições de clima temperado na América do Norte. Aproximadamente 50% da área foi tratada com herbicidas que promoveram o controle eficiente das plantas daninhas, e a outra metade permaneceu infestada, sendo que, não havia qualquer barreira que impedisse a livre movimentação dos animais entre ambas as áreas.


Os animais ali introduzidos foram equipados com um colar cervical que identificava o momento em que eles estavam pastejando, a partir do ângulo de inclinação que caracteriza o ato de pastejo. Passado um determinado tempo nessa posição, era armazenada sua localização geográfica, que posteriormente possibilitava a coleta da informação digitalizada.


O grupo de animais pastejou por quatro meses a área, sendo esse o período de coleta dos dados que apresentarei a seguir.







Foto 1 - Foto de satélite da área do estudo. Nos pontos em amarelo a localização dos animais na área tratada, e em azul na área sem tratamento. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Foto 2 - Detalhe do colar cervical que equipou os animais durante o período do estudo, e que permitia a identificação do momento de pastejo e sua localização geográfica. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Resultados

No primeiro mês de estudo não houve diferença na distribuição dos animais pela área. Já no segundo mês, começam a surgir os primeiros sinais de uma maior exploração da área limpa. Nas fotos 3 e 4 podemos ver essa movimentação nesses dois primeiros meses e detalhes de como se encontravam as pastagens na área tratada e não tratada.

Foto 3 - Distribuição geográfica dos animais em pastejo contínuo no primeiro mês do estudo, à esquerda, e durante o segundo mês do estudo à direita. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Foto 4 -Detalhe da forragem na área tratada, à esquerda, e não tratada à direita. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Na segunda metade do estudo (terceiro e quarto meses) fica clara a mudança de comportamento e escolha dos animais pelo pastoreio na área limpa. No terceiro mês, os animais permaneceram 84% do tempo na área limpa contra 16% do tempo na área infestada, já no quarto mês essa distribuição ficou em 73% contra 27% nas áreas limpa e infestada, respectivamente, conforme podemos observar nas fotos 5.

Fotos 5 -Distribuição geográfica dos animais em pastejo contínuo no terceiro mês do estudo, à esquerda, e durante o quarto mês do estudo à direita. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Conclusão

Finalizando, na somatória dos quatro meses de estudo, fica clara a opção dos bovinos pelo pastejo em áreas limpas, livres da infestação por plantas daninhas, caso lhes for dada a opção de escolha. A conclusão do Dr. Kevin Bradley é que os animais permaneceram 74% do tempo na área tratada com herbicidas contra 26% do tempo onde não houve o controle das plantas daninhas (Foto 6).

Foto 6 -Distribuição geográfica dos animais acumulada durante quatro meses em pastejo contínuo, em amarelo na área limpa e em azul na área sem controle das plantas daninhas. Fonte: https://youtu.be/ai9NF2F0o_c


Esta escolha instintiva dos animais se reflete numa maior ingestão de forragem, consequentemente levando a uma maior produção de carne e leite, permitindo melhoras em todos índices zootécnicos que se mensurem.


Sugiro que acessem o link de referência do estudo, mencionado nas fotos, e assistam o breve vídeo de quatro minutos onde são apresentados esses impressionantes resultados.


E fica a dica, a vaca votou: eu quero pastagem limpa.

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